A convite do amigo Donovan, cá estou eu a colaborar para as Cenas do meu (nosso) tempo.
Quero inaugurar a minha participação neste "nostalgic journal" com aquela que é provavelmente a minha melhor memória de infância.
Deveria correr o ano de 92 ou 93. A minha mãe trabalhava num clube de video da zona que se dedicava ao aluguer de VHS, CDs (!) e outros formatos de media. Um belo dia chega ao clube de video uns aparelhos meio quadrados com uma entrada que dava acesso a uma ranhura muito semelhante a um VCR. Apesar de trazer ainda uma pequena caixinha com uns desenhos engraçados não liguei muito, pois naquela altura estava mais interessado em ir ver as VHS dos Caça-Fantasmas ou do lendário He-Man; mal sabia eu o que estava a ignorar.
No meu aniversário seguinte é-me oferecido um destes aparelhos e, meus amigos, a minha vida mudou completamente. Basta dizer que, embora indirectamente, influenciou a maior parte da minha vida, inclusive a minha carreira. Para os mais desatentos, falo obviamente da velhinha Famicom ou se quiserem NES.

Foram horas que passei agarrado a maquineta que anteriormente tinha decidido desprezar. Este meio de entertenimento vanguardista agarrou-me de tal modo que todo o meu dia de aniversário passou de uma maneira incrivel: amigos vieram e foram, prendas abriram-se, comida que se comeu e caiu ao chão, e eu nao dei por NADA! Foi a tal ponto que graças à minha dedicada atitude à consola fez com que aquele fôsse o último aniversário ao qual eu tivesse tido uma grande festa com todos os meus amigos (fôsse ou não essa a razão, foi a isso que a minha jovem mente associou). Mas desenganem-se os que pensam que graças a isso criei alguma inimizade com o mundo dos videojogos. Estava apenas a começar. Depois de passar incontáveis horas a caçar patos no "Duck Hunt", a armar-me em palhaço no "Circus Charlie" e em corridas alucinantes no "Rad Racer" (que note-se era um jogo em 3D!) estava claro que a minha vida seria para sempre ligada a estes meios de entertenimentos.
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Era tão apaixonado por esta consola que apenas ela me chegou até quase ao virar do século, uma altura em que já se compravam destas consolas por tuta e meia em qualquer chinês ou marroquino e que tinham assumido a nova denominação de "Consolas rascas". É verdade que a minha consola seguinte (a famosa PSX, da qual falaremos noutra Cena) dava uma tareia tão grande à velhinha Famicom que creio que se durante os próximos meses me falassem em Famicoms o meu cérebro trataria de suprimir qualquer tentativa de memória das mesmas; no entanto a Famicom, e quem teve uma confirmará o que digo, ficou marcada para sempre nas nossas vidas. A tal ponto de mais tarde ter deixado a PSX mtas vezes de lado para montar a Famicom para ir matar mais uns patitos ou desafiar mais uns cowboys do "Wild West". Confesso que ainda hoje, que tenho uma PS3, uma Wii e um computador capaz de correr os titulos mais recentes, ainda me dá imensa vontade de pegar naquela parafernália de cabos, adaptadores e transformador e ir andar aos tiros a animações pitorescas de patos.
Quem sabe um dia..



Ena beeeem, o DUCK HUNT. Priceless.